terça-feira, 24 de novembro de 2009

RELATÓRIO DO III ENCONTRO DO FÓRUM

O III Encontro do Fórum para Integração da sala de aula com a Biblioteca aconteceu nos dias 27 e 28 de maio de 2009 no auditório da Escola de Ciência da Informação da UFMG. Com a participação de profissionais da Prefeitura de Belo Horizonte, das Redes Municipal, Estadual e Particular de Ensino da capital e interior de Minas Gerais. A realização desse encontro teve a parceria da UFMG/ECI/GEBE, Editoras Lê e Autêntica e Prefeitura de Belo Horizonte através da sua Secretaria Municipal de Educação.

A abertura foi feita pela representante da Secretaria Municipal de Educação Dagmar Brandão, uma das Organizadoras do Fórum Sônia Márcia Soares de Moura e a Professora da Escola de Ciência da Informação Bernadete Santos Campello. A Secretária Municipal de Educação Macaé Evaristo, também esteve presente no evento.

27/05/2009 – manhã

Palestrante: Neusa Sorrenti

A importância da biblioteca escolar no processo de alfabetização e letramento.

Neusa iniciou a palestra fazendo uma reflexão acerca dos conceitos de alfabetização e letramento, analisou a dicotomia entre eles e apresentou os três níveis de leitura:

  • 1º - decodificar / ler / enumerar

  • 2º- colher/ descobrir sentidos/compreensão

  • 3º - apropriar das ideias do autor e refletir de acordo com sua experiência.

No texto informativo o leitor utiliza-se dos dois primeiros níveis de leitura e atribui apenas um sentido. Na literatura o leitor atribui vários sentidos e prevalece o terceiro nível de leitura.

Parafraseando José Saramago Neusa disse: “Muita gente acha que ler é ficar agarrado ao texto/palavras, mas são somente pedras para construirmos uma ponte para atravessar o rio da imaginação”.

Outro ponto de grande destaque da palestra de Neusa foi a importância do profissional que atua na biblioteca. Este profissional é a grande vedete da biblioteca escolar. A biblioteca que possui 1000 livros dinamizados é mais importante do que uma biblioteca que possui 10.000 livros não dinamizados. Ela coloca que a função mais importante do profissional é a mediação de leitura, que muitas vezes é deixado de lado devido ao grande volume diário do trabalho burocrático.

Deu exemplos de vários tipos de atividades de incentivo a leitura que podem ser realizados na biblioteca:

  • Apresentação da biblioteca e seu funcionamento;

  • Falar sobre o livro e suas partes para incentivo a leitura;

  • Concursos, gincanas

  • Trabalhar a leitura na sua profundidade com brincadeiras de quadrinhas, musicar poesias.

Exemplo.: paródia com a música Fico assim sem você de Adriana Calcanhoto:


Livro amigo

Vovó sem Chapeuzinhho

Caçadas sem Pedrinho

È como não saber ler

Joazinho sem Maria

Varinha sem magia

È como não saber ler.

Por que que eu penso sempre assim?

Ler é um prazer sem fim

Leia um bom livro

De fada ou de perigo

Mas não conte o final pra mim

Poesia sem Cecília

Tesouro sem a ilha

É como não saber ler

Baile sem Cinderela

A bruxa sem panela

É como não saber ler

To louco pra você mostrar

Um belo livro em sua mão

E falar das personagens

Curtir grandes viagens

Fazer bater o coração

Eu não desisto e digo a você

Que um bom livro é um grande amigo

Eu conto as horas pra poder reler

Aquela história que brincou comigo...

Como foi bom! Como foi bom!

Sapo sem princesa

Cisne sem beleza

É como não saber ler

Lobo sem três porquinhos

Sítio sem Narizinho

É como não saber ler

Por que que eu penso sempre assim?

Ler é um prazer sem fim

Leia um bom livro

De fada ou de perigo

Mas não conte o final pra mim

Neusa propõe para o profissional que ele deve ter a certeza de estar fazendo o melhor trabalho, diante de uma preocupação apontada por Ezequiel Teodoro: “As crianças nunca chegam às escolas ignorantes, podem chegar analfabetas. Elas saem alfabetizadas, mas podem sair ignorantes”.

O profissional da biblioteca escolar deve sempre refletir sobre sua atuação quanto a: certeza de estar contribuindo para o incentivo a leitura e qual a utilidade dessa leitura para o seu público. A leitura tem como objetivo alargar os horizontes, humanizar e conhecer o legado de outras pessoas.

27/05/2009 – manhã

Palestrante: Tadeu Rodrigo Ribeiro

12 anos do Programa de Revitalização de Bibliotecas Escolares: avanços e desafios

Tadeu, um dos criadores do Programa de Revitalização de Bibliotecas Escolares, fez um histórico ressaltando que sua fala seria direcionada principalmente aos profissionais das outras redes de ensino. Lembrou que antes do início do Programa as bibliotecas escolares funcionavam apenas com professores em readaptação funcional e os espaços eram mais depósitos de livros didáticos e outros materiais em desuso na escola. Inicialmente foi discutido pela Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte a opção de implantar um Programa de Biblioteca para se fazer projetos de leitura ou de se fazer um programa de leitura, Tadeu ressaltou que fez parte do grupo que defendia a implantação do Programa de Bibliotecas, pois os programas de leituras são iniciativas pessoais e seria importante a institucionalização da biblioteca escolar, para que a partir dela se fizesse os projetos de leitura. Assim foram traçadas quatro metas iniciais para a revitalização das bibliotecas escolares:

Formação de acervo: o artigo 162 e 163 da lei orgânica do Município no 2º parágrafo rege que 10% dos recursos da caixa escolar deverá ser aplicada na manutenção e preservação do acervo da biblioteca escolar.

Formação de pessoal: em 1996 foram criados os cargos de bibliotecário e de auxiliar de biblioteca e feito o 1º concurso para o preenchimento das vagas.

Projetos de leitura: inúmeros projetos de incentivo a leitura foram feitos a partir da biblioteca escolar e em 2005 o Programa de Revitalização de Bibliotecas Escolares recebeu o prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) como “ melhor programa de incentivo a leitura junto a crianças e jovens”, entre outros prêmios.

Automação das bibliotecas escolares: existe um grupo de trabalho formado por alguns bibliotecários responsáveis pelo estudo e implantação da automação das bibliotecas na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte.

Tadeu concluiu a fala dizendo que este é o momento de se fazer uma avaliação do Programa para detectar os pontos que ainda são um desafio para a expansão do Programa de Revitalização de bibliotecas escolares.

28/05/2009 – tarde

Palestrante: Cláudia Freitas Soares de Moura

A importância da leitura no acompanhamento de alunos com déficit de aprendizagem escolar

Apresentação eletrônica

28/05/2009- Tarde

Palestrante: Bernadete Santos Campello


A função educativa do bibliotecário na escola

Bernadete Campello traz reflexões sobre o universo informacional complexo que caracteriza a sociedade contemporânea e sobre a necessidade de preparar as pessoas para aprender de maneira independente com as informações e que a biblioteca escolar está dando um salto de qualidade.

A biblioteca precisa dar acesso aos usuários às novas tecnologias e contar com pessoas para o atendimento aos alunos. O bibliotecário que atua em biblioteca escolar precisa ter um perfil não só técnico, mas também pedagógico, saber ouvir os seus usuários, ter capacidade para perceber as reações da comunidade e capacidade de avaliar suas atividades.

Pondera a ausência de instrumentos formais de avaliação do trabalho da biblioteca escolar, lembrou que é preciso fazer avaliação do Programa de Bibliotecas após seus 12 anos de implantação. Pontuou a importância da avaliação da aprendizagem a partir da biblioteca, pois o bibliotecário avalia apenas de forma intuitiva.

Bernadete finaliza lembrando aos bibliotecários da importância de escrever e publicar os seus projetos e avaliações dos resultados dos mesmos no dia a dia de atuação profissional. Contribuindo desta forma para que a biblioteca possa ser trabalhada de forma mais coletiva, visto que não basta apenas uma biblioteca ser de boa qualidade. O Poder Público precisa investir mais nas bibliotecas escolares para que todas tenham um mesmo nível tanto de materialidade quanto de recursos humanos, valorizando assim a instituição biblioteca escolar.